Bruna Soalheiro

POSSIBILIDADES DE DIÁLOGO ENTRE ÍNDIA E BRASIL: UM OLHAR SOBRE AS FONTES

O comércio desde tempos muito antigos estabelecia rotas de comunicação entre as nações na Europa e no continente Asiático ou, como aparecem nos relatos de época, entre o “Ocidente” e o “Oriente”. Tais rotas seguiam pelo mediterrâneo e por terra firme atravessando a Península Arábica, a Pérsia, a Ásia central, e iam até a China e o sudeste asiático. No entanto, em 1493, estes caminhos mediterrâneos foram afetados pela ocupação de Constantinopla pelos Otomanos. Em consequência disto, lançaram-se os europeus ao mar – os portugueses, de forma pioneira -  em buscas de novos caminhos, novas rotas e novas possibilidades de comércio. Surgem, assim, outros itinerários e, com eles, outros destinos. A América passa a figurar no mapa Europeu e as Índias ganharam, então, novo estatuto. Contornando a África, tomando conhecimento da costa americana, alcançando o Oceano Índico, os portugueses pouco a pouco vão ampliando seus domínios até consolidarem seu Império ultramarino. Àquela altura, sob a autoridade da Coroa lusa, estavam todos: portugueses, brasileiros e indianos.

Os laços que unem Índia e Brasil são, portanto, mais estreitos do que se pode, a princípio, julgar. Há uma história comum e uma língua que se compartilha. Como imagem destes laços do passado e do dizer, seguem-se os livros que, no Brasil, dizem da Índia. O presente texto propõe uma pequena viagem por entre fontes documentais que expressam um pouco desses laços. Objetiva-se com isso indicar aos novos pesquisadores em formação possibilidades de caminhos a seguir quando se trata de estudar a questão dos diálogos interculturais em especial entre a Índia e o Brasil.

A presença portuguesa no Oriente e nas Américas ganhou, desde muito cedo, inúmeros relatos, crônicas e histórias. Descobrimentos, conquistas e evangelização eram temas recorrentes nestas narrativas. Neste contexto, Antônio de San Roman de Ribadeneyra, monge beneditino nascido na Espanha, escreveu a obra “Historia General de la Yndia Oriental”. Segundo ele, o objetivo de sua escrita era manter a memória das façanhas – “descobrimentos, conquistas e guerras miraculosas” – dos portugueses no Oriente. A obra foi publicada em Valladolid, em 1603. Composta por 4 livros, afirmava dar conta dos “descobrimentos e conquistas que fizeram as armas de Portugal”, desde “seus princípios” até 1557. San Roman não deixou de levar em conta os aspectos religiosos da iniciativa dos lusos nas Índias, inserindo em sua narrativa os “os sucessos que teve o Santo Evangelho naquelas partes do Oriente”. Como não poderia deixar de ser, Goa tem um espaço especial nesta História, com destaque para Afonso de Albuquerque, chamado de “governador” pelo autor. Descrita como “metrópole e cabeça do Império da Índia, tanto no temporal como no espiritual”, a conquista de Goa e suas transformações sob o governo português são narradas com vivacidade por San Roman, pois a cidade “se tem sustentado até agora maravilhosamente (...) sendo perpetuamente amparada e defendida com a preferência e majestade dos vice-reis. ”

Ao lado das “Histórias gerais”, crônicas e relatos de época, um outro tipo de obra também muito nos diz sobre o passado de Goa e demais partes do Império português: as narrativas que tratam das trajetórias de vida de determinados personagens cujos feitos são julgados memoráveis e dignos de nota. A obra “Vida de D. João de Castro, quarto viso-rei da Índia” é um exemplo. Escrita pelo religioso Jacinto Freire de Andrade, foi publicada pela primeira vez em 1651, mas teve várias edições desde então. Este é gênero próximo da biografia, no qual a vida de uma personagem é o fio condutor de uma história maior. Então, para além de descrever a formação que D. João de Castro teve em sua juventude, as armadas em que foi capitão e os livros que escreveu, Andrade dedica-se principalmente a narrar o período em que D. Castro foi vice-rei da Índia, cargo que assumiu em 1547. Assim, através história da sua vida, é possível aprender mais sobre a História de Goa. Além de grande importância política, D. João de Castro foi também um homem importante no insipiente campo das ciências, o que será abordado mais adiante.

Mas não apenas Goa figurava nestes escritos. Os demais territórios que os portugueses disputaram também mereceram as penas e as linhas lusas. É o caso, por exemplo, dos roteiros de viagem, como o Primeiro roteiro da costa da Índia; desde Goa até Dio, que teve uma publicação no século XIX, mais precisamente em 1843. Supõe-se, no entanto, que D. João de Castro possivelmente escreveu seu primeiro relato - “Roteiro de viagem que D. João de Castro fez a primeira vez que foi à Índia, no ano de 1538. ” – em 1540. A este roteiro, Castro adicionou algumas notas após a viagem que fez 1545. Escreveu ainda “Comentários geográficos da costa da Índia” ou “Primeiro e segundo roteiro da costa da Índia”. No “primeiro roteiro”, Castro descreve a costa de Goa até Dio. A viagem relatada começou em 21 de novembro de 1538 e terminou, com seu retorno, em 29 de março de 1539. Seus escritos mantiveram-se inéditos até o século XIX, quando ganharam edições em diversas línguas.

Para além das detalhadas descrições que Castro faz da costa, com seus acidentes geográficos, serras, depressões, vales e rios, o espírito “científico” deste navegador destaca-se também em função de suas experiências conduzidas na Índia. Em Chaul, ao perceber que a agulha de sua bússola se desviava do Norte, Castro conduz uma série de experimentos buscando investigar as propriedades das pedras naquele local, contribuindo com os estudos sobre magnetismo, um campo ainda insipiente em sua época.

Este aspecto “científico” da escrita de Castro indica o quanto a curiosidade e técnica dos homens vai ganhando outros nomes ao longo da história. Por exemplo, a Arte de navegar” é uma obra que foi editada inúmeras vezes desde o final do século XVII e tem como objeto o que hoje não entenderíamos exatamente com “arte”, mas como ciência náutica. Publicada pela primeira vez em Lisboa, no ano de 1699, era já uma versão de outro livro intitulado “Arte prática de navegar e regimento de pilotos”, publicado em 1681 por Luís Serrão Pimentel, cosmógrafo-mor do Reino de Portugal. Seu filho, Manuel Pimentel, tornou-se também cosmógrafo-mor. Manoel foi, então, atualizando, de tempos em tempos, a publicação, para dar conta dos avanços sofridos pela prática da navegação naquele período.

A “arte de navegar” traz em seus primeiros capítulos noções fundamentais de matemática, astronomia e cartografia, indispensáveis para a navegação naqueles tempos. Não obstante, por seguir-se à “arte” um “roteiro de viagens de costas marítimas” - incluindo Guiné, Angola Brasil e “Índias”- as diversas edições do livro foram acrescentando informações sobre as instruções de como alcançar estes lugares pelo mar. Fica hoje de testemunho de como era o caminho português entre as Américas e as Índias.

Além das crônicas, dos roteiros e das histórias, as notícias das conquistas e das fronteiras do Império chegavam à Europa por meio da correspondência dos missionários que atuavam na Índia, nas Américas e na África. Muitas destas cartas eram escritas por padres da Companhia de Jesus, uma ordem religiosa fundada na Europa em 1540 e que tinha como um traço importante produzir escritos sobre o que se passava nas chamadas regiões de “missão”.

Em 1627 publicaram se as cartas ânuas escritas do Malabar, do Brasil e de Goa dos anos de 1620 a 1624.Esta obra, dedicada ao então Propósito Geral da Companhia de Jesus Mutio Vitelleschi (1563-1645) traz cartas escritas por missionários em várias partes do globo. As chamadas “annuas” eram como relatórios anuais que deveriam fornecer informações aos superiores da Ordem fundada por Ignácio de Loyola para que estes pudessem se informar do que acontecia no campo missionário e orientar sobre as decisões mais prudentes a serem tomadas. Com o tempo, este tipo de correspondência acabou extrapolando os limites da Companhia de Jesus e chegou a um público mais amplo – não sem as devidas censuras, evidentemente. A “Relação de algumas coisas da província de Goa do ano de 1620” é uma das cartas publicadas nesta edição. Ela traz um relato pormenorizado da situação dos missionários e da cristandade em Goa àquela altura, informando, por exemplo, sobre conversões e batismos, que, segundo o relato, teriam chegado a 190 naquele ano. A notícia das doenças e das mortes dos religiosos era um outro assunto que podia ser lido nestas missivas. Sobre o Colégio novo de São Paulo, importante instituição da Companhia de Jesus em Goa, a relação informa que lá haviam, naquele ano, 93 religiosos dentre sacerdotes, alunos e coadjutores.

É curioso perceber que no mesmo livro são compiladas as cartas da Índia e do Brasil. A escrita dos padres da Companhia de Jesus faz aproximar lugares que fisicamente estão muito distantes, criando continuidades simbólicas entre espaços descontínuos, mas igualmente relevantes para os projetos da Ordem e da Coroa Portuguesa. Este mesmo efeito de “ponte” entre Índia e Brasil também fica evidente na publicação da obra “Xavier dormindo, e Xavier acordado”, de 1694. Ela reúne discursos e sermões do padre Antônio Vieira que têm como mote a figura de Francisco Xavier, um dos primeiros missionários jesuítas a atuar na Índia, na China e no Japão. O primeiro discurso é uma interpretação profética de um sonho que Xavier teria tido. Neste sonho, o missionário das Índias “andava lutando com um índio agigantado e robustíssimo”. Por outras vezes, sonhava Xavier que carregava o mesmo índio, pesadíssimo, às costas. Para Vieira, os sonhos seriam profecias divinas, que diziam da missão de Xavier de “trabalhar na conversão daquele grande Gigante da Ásia”. Na segunda parte da obra, “Xavier acordado”, outro modelo de postura missionária frente aos chamados “gentios” surge associado ao agir exemplar de Xavier: Paulo.

É interessante perceber como esta obra pode unir dois grandes nomes da Companhia de Jesus que tão emblematicamente representam a sua presença na Índia e no Brasil. Xavier condensa, na memória feita dele, as virtudes missionárias. Vieira reitera este caráter exemplar, tomando-o como modelo e divulgando-o com sua inigualável retórica.

Mas não foram só as “disputas pelas almas” que marcaram a chamada “expansão portuguesa”. Desde que Portugal lançou-se aos mares dando início à sua expansão e a consolidação de suas colônias e territórios além-mar, iniciaram-se também as disputas e conflitos com outras Coroas e nações. Tais conflitos acirraram-se no século XVII, quando a ameaça dos holandeses se fez sentir seja na América - com a conquista de Pernambuco em 1630 -  seja na Índia – com os ataques à Goa em 1638 e 1639.

O “Trattado das tregoas e suspensao do todo o acto de hostilidade e bem assi de navegaçao, commercio e juntamente socorro, feito começado e accabado em Haya de Hollande a Xij de iunha 1641” - escrito originalmente em latim e publicado em português no ano seguinte - foi um dos primeiros assinados após o fim do período conhecido como “União Ibérica”, no qual Espanha e Portugal encontravam-se sob a autoridade de Felipe II. O pacto estabelecia uma trégua entre a Coroa Portuguesa e os Países Baixos, suspendendo atos de hostilidade nos mares e por terra pelo período de 10 anos. No entanto, tal pacto nunca foi completamente respeitado. Os holandeses invadiram o Maranhão e Angola no mesmo ano (1641). Na Ásia, Malaca, Ceilão, Cochim entre outros territórios seguiram sofrendo com ataques holandeses ao longo de toda a metade do século XVII.

O passar do tempo faz-se sentir não só nos crescentes embates entre Portugueses e outras nações portuguesas: em Portugal mesmo, passados séculos desde a conquista de Ceuta, o cenário político muda e vai buscando se “atualizar” frente a essas nações e impérios. Afinal, como se sabe, a segunda metade do século de XVIII em Portugal é marcada por uma série de reformas, capitaneadas por Sebastião José de Carvalho e Melo (1750-1777), um importante ministro de Estado português que ficou conhecido como Marquês de Pombal. Historicamente associado ao reformismo ilustrado português, dedicou-se à implementação de um conjunto de medidas que tinham como objetivo geral modernizar a economia portuguesa e aprimorar o seu governo, incrementando a produção e o comércio na Europa e além-mar, e reordenando a administração colonial. A criação das companhias de comércio e a expulsão dos religiosos da Companhia de Jesus dos territórios portugueses são dois grandes exemplos das iniciativas pombalinas deste período.

O Estado da Índia não esteve fora do alcance das medidas de Pombal. A criação da Junta da Real Fazenda do Estado da Índia, em 1769, pode ser considerada o primeiro momento desta reestruturação econômica no que diz respeito a esta parte do Império português. No bojo destas reformas, encontram-se instruções enviadas diretamente à Goa. Em uma carta régia datada de 10 de fevereiro de 1774, são dadas, ao arcebispo, as ordens para uma ampla uma reforma eclesiástica, e, para o governador, novas diretrizes para assuntos militares, políticos e económicos. Afinal de contas, “entre os muitos perniciosos meios que a malícia dos denominados jesuítas cogitou para arruinar este reino e todos os seus domínios foi o mais prejudicial o deporem perpétua desunião e implacável discórdia os governos eclesiásticos, político e civil. ”

No que diz respeito à perseguição aos religiosos da Companhia de Jesus, segue este sendo um tema ainda polêmico. A obra “Jesuítas do Brasil e da Índia: na perseguição do Marquês de Pombal”, que levou 160 anos para ser traduzida do latim ao português e publicada, ganhando sua primeira edição apenas em 1936. Escrita por um padre da Ordem de Loyola, a obra busca narrar como se deu todo o processo da expulsão e confisco dos bens da Companhia de Jesus. Procura ainda demonstrar como os padres foram vítimas de uma injustiça, como eram infundadas as acusações de comércio que sobre eles recaíam e, principalmente, como se frustraram os planos de Pombal de passar a outros - dentre religiosos e não religiosos - a administração dos bens da Companhia. Por abordar a questão levando em conta tanto a Província do Brasil, como a Vice-Província do Maranhão e ainda a Província de Goa, pode-se perceber, pela leitura deste livro, tanto os aspectos globais da atuação dos jesuítas, quanto os efeitos dos desmontes das instituições administradas pelos padres em todo o Império, como colégios, aldeamentos e ainda outras obras de assistência.

Já no século XIX, principalmente em países como França, Inglaterra e Portugal, os estudos sobre as chamadas sociedades do “Oriente” tiveram um importante crescimento. Associados ao interesse econômico que as colônias suscitavam em suas metrópoles, suas histórias, geografias, moedas, línguas, costumes e religiosidades tornaram-se objeto do olhar especializado de alguns eruditos.
Para o caso de Portugal, podemos dar como exemplo deste movimento a publicação da “Collecção de notícias para a história e geografia das Nações Ultramarinas, que vivem nos dominios portuguezes, ou lhes são visinhas, publicada entre os anos de 1812 e 1856”. A Coleção era composta por 7 tomos, nos quais foram publicadas compilações de manuscritos encontrados em arquivos ao redor do globo. Tais manuscritos, até então inéditos, traziam importantes notícias sobre os mais diversos espaços coloniais. Assim, esta coleção é particularmente interessante por trazer, às vezes no mesmo volume, documentos sobre a Índia e sobre o Brasil. Outro fato digno de nota é o fundamental papel da Real Academia de Ciências de Lisboa (1779), que viabilizou tal publicação, recebendo os manuscritos de seus sócios e editando-os em sua tipografia. Percebe-se, àquela altura, um esforço de sistematização do conhecimento histórico, com uma preocupação científica, que seria garantida pela (suposta) autenticidade dos de documentos de época, muitas vezes datados de séculos anteriores.

Para o caso da França, dentre tais eruditos, que à época ganhavam título de “orientalistas”, estava Charles Schefer, importante estudioso que atuava junto a prestigiosas instituições francesas. Neste contexto, em 1898, Schefer organizou a publicação de uma série de relatos de viagem, dentre eles a coleção “Biblioteca de viagens antigas” trazendo os seguintes documentos: “Navegação de Vasco da Gama, chefe de armada do rei de Portugal no ano de 1497, escrita por um gentil-homem florentino”; “Navegação às Índias Orientais, escrita por Thomas Lopes”; Navegação do capitão Pedro Alvares Cabral, escrita por um piloto português”; “Primeira carta André Corsal, florentino ao muito ilustre senhor Giuliano de Médici, escrita em Cochim”; Segunda carta André Corsal, florentino ao muito ilustre  príncipe o duque Lorenzo de Médici”; e ainda “Navegação às Índias, por Jean d’Empoli” [Giovanni da Empoli].

A tradução e publicação de tais relatos tornaram-se cruciais para o desenvolvimento das pesquisas históricas contemporâneas acerca do período das grandes navegações, tanto no que diz respeito às Américas, quanto no que toca à Índia. Neste sentido, não seria prudente terminar este pequeno artigo sem citar não uma fonte, em seu sentido estrito, mas um importante trabalho de pesquisa: “A A Bahia e a Carreira da Índia”.

No século XX, as os laços que uniam os domínios de Portugal no ultramar tornaram-se objeto de estudo e pesquisa sistemática, e obras raras, como as aqui apresentadas, tornaram-se, nas mãos de historiadores, preciosas fontes históricas. O livro de José Roberto do Amaral Lapa, “A Bahia e a Carreira da Índia” foi originalmente uma tese escrita no Brasil sobre a Carreira da Índia, e posteriormente publicada em forma de livro, no ano de 1968. Como se sabe, os caminhos que ligavam Portugal às colônias eram roteiros marítimos, e os roteiros que ligavam Lisboa à Goa - como também as naus que cruzavam o Índico e o Atlântico nesta rota - chamavam-se “Carreira da Índia”. Seus portos e estaleiros eram como os nós que compunham a imensa rede formadora do chamado Império Português, e “toda empresa de colonização ultramarina portuguesa esteve nela incluída, vivendo dela e para ela, envolvendo aspectos sociais e humanos de profundo interesse histórico. ” (LAPA, 1968, p. XVIII)

Assim, neste estudo, Lapa procura demonstrar a importância que o porto de Salvador, na Bahia, teve para a Carreira da Índia. Para ele, a inserção deste porto na Carreira da Índia não diz apenas da conexão entre colônia e metrópole, mas também diz das trocas – comerciais e humanas – entre os espaços coloniais. Não se trata apenas de uma ligação umbilical com a metrópole, mas com as demais partes do Portugal ultramarino. Além disso, muitas das naus que cruzavam o Atlântico e o Índico foram construídas na Bahia. Salvador foi, portanto, um elo fundamental, que sustentou os caminhos que ligavam Goa à Lisboa, e vice-versa. Fica, portanto, plantada a semente da possibilidade de análise destes contextos em conjunto, de forma circular e dinâmica, aproximando espaços em perspectiva conectada e global.

Referências
Bruna Soalheiro é doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e em Histoire et civilisations pela École des hautes études en sciences sociales (EHESS), Paris, França (2014). Atualmente é bolsista de pós-doutorado CAPES/PNPD junto ao Programa de pós-graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), atuando como professora tanto na graduação como nos cursos de mestrado e doutorado. O presente artigo é fruto de uma pesquisa realizada com apoio da Sociedade Lusófona de Goa e da Biblioteca Brasiliana Mindlin. Desta forma, a autora gostaria de agradecer aos prof. Dr. Aurobindo Xavier e ao Prof. Dr. Carlos Alberto Zeron, além de agradecer à Capes por ter financiado o projeto de pesquisa.

ANDRADA, Jacinto Freire de. Vida de D. João de Castro, quarto viso-rei da India. Rio de Janeiro: P.C. Dalbin e Companhia, 1818 [1561].
CAEIRO, José. Jesuítas do Brasil e da Índia: na perseguição do marques de pombal (Século xviii). Bahia: Escola Tipográfica Salesiana, 1934. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/6636
Carta régia de 10 de fevereiro de 1774.Documentação manuscrita encontrada no acervo da Biblioteca Brasiliana Mindlin e encadernada sob o título: “Instrução para o governo da Capitania de Minas Gerais.” Referência: INDIA. s.l.p. : scp, [1774]. Localização: B 18 b.Para mais informações, consultar: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4186161.
LAPA, José Roberto do Amaral. A Bahia e a Carreira da Índia. São Paulo: Companhia editora nacional/Editora da Universidade de São Paulo, 1968.
Lettere annue d'etiopia, Malabar, Brasil, e Goa dall'anno 1620. Fin'al 1624, Al Molto Rever. in Christo P. Mutio Vitelleschi preposito generale della Compagnia di Giesu. Roma: Francesco Corbelletti, 1627.
PIMENTA, Manoel. Arte de Navegar. Lisboa: Typographia de Antônio Rodrigues Galhardo, 1819. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/5067
SAN ROMAN, Antonio de. Historia General de la Yndia Oriental: los descubrimientos, y conquistas, que han hecho las Armas de Portugal en el Brasil, yen otras partes de Africa, y de la Asia; y de la dilatacion del Santo Evangelio por aquellas grandes Provincias, desde sus principios hasta el Año de 1557. Valladolid: Luis Sanchez acosta de Diego Perez Mercader de Libros, 1603. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/4307

36 comentários:

  1. Bruna, mesmo tendo uma ligação desde do início das navegações com oriente, eu acredito que ainda temos uma enorme deficiência em relação ao conhecimento da história oriental. Quais os caminhos para nos aproximar desta história, tendo em vista o pouco material disponível que temos nas bibliotecas?

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    1. Cara Damiana,
      obrigada pela sua pergunta pois ela me permite reiterar a intenção do artigo: indicar fontes históricas disponíveis online para consulta. Temos essa grande vantagem nos dias de hoje, de poder usar bibliotecas e arquivos no mundo inteiro para nossas pesquisas.
      Já como indicação bibliográfica eu poderia mencionar os seguintes livros:
      Costa, Florência. Os indianos. Editora Contexto, 2012.
      Chandra, Bipan. History of modern India. Orient Blackswan, 2009.
      Bayly, Christopher Alan. "The new Cambridge history of India." Cambridge University Press, 1988.
      Metcalf, Barbara D., and Thomas R. Metcalf. A concise history of modern India. Cambridge University Press, 2006.
      Boa pesquisa!

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  2. Profa Bruna,
    seu texto aponta para relações globalizadas inauguradas a partir das grandes navegações do século XVI e XVII: relações comerciais entre Brasil, Portugal e Goa.Hoje uma das marcas da cidade de Salvador é a presença da África na cultura local, mas é rara a presença oriental, particularmente a presença da Índia.A que se atribui essa particularidade? Mônica Quaresma Dias

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    1. Olá, Mônica,

      em certo sentido, a presença indiana na cidade de Salvador não diz tanto respeito à circulação de pessoas, mas eu diria que se trata mais precisamente de um caso de circulação de "cultura". É preciso lembrar que os traços culturais sobrevivem - como a alimentação, os temperos, alguns vocábulos da língua - independentemente da nossa possibilidade de identificar imigrantes em seu sentido estrito. O caso dos africanos é um caso dramático, como sabemos, de uma imigração compulsória em função da escravidão.
      Já para o caso das influências da cultura indiana, sugiro que vc procure buscar na alimentação local, no uso da pimenta, do coco, e de outros temperos um exemplo mais palpável (e palatável!) desta presença. A Índia chega e permanece na Bahia por outras formas e sentidos. Literalmente!
      O que vc acha?
      Fica aqui mais uma sugestão de leitura, que aproxima Goa e Salvador:
      LAPA, José Roberto do Amaral. A Bahia e a Carreira da Índia. São Paulo: Companhia editora nacional/Editora da Universidade de São Paulo, 1968.

      Abs!

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  3. Havia um significativo trânsito de brasileiros na Índia nesse período? Se sim, qual a fonte para identifiaramos eles?
    Marco Aurélio Bentim

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    1. Olá, Marco Aurélio,

      existe sim um trânsito de pessoas, no âmbito da chamada carreira das Índias, principalmente entre o porto de Salvador e Goa. Mas eu não diria que se tratava de um trânsito de "brasileiros". Pesquisas recentes estão sendo desenvolvidas para resgatar as trajetórias de importantes administradores coloniais que serviram a Coroa Portuguesa como governadores, por exemplo, entre capitanias no Brasil e em outros espaços coloniais portugueses, como a Índia.
      Talvez este artigo ajude a explicar melhor o que eu estou querendo dizer:
      Gouvêa, Maria de Fátima Silva, Gabriel Almeida Frazão, and Marília Nogueira dos Santos. "Redes de poder e conhecimento na governação do Império Português, 1688-1735." Topoi (Rio de Janeiro) 5.8 (2004): 96-137.
      http://www.scielo.br/pdf/topoi/v5n8/2237-101X-topoi-5-08-00096.pdf
      Espero que a leitura seja útil!

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  4. Olá Bruna, bom dia! Analisando a presença portuguesa no oriente a partir do século XV que se deu através do pioneirismo marítimo, pode-se dizer ou qualificar como uma forma globalização conhecida nos dias de hoje através da integração entre povos e o próprio comércio?

    Clésio Fernandes de Morais

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    1. Olá, Celso,
      essa sua pergunta é mesmo muito interessante. Muitos historiadores hoje entendem este momento da História (os séculos XV e XVI) como uma espécie de primeira etapa de um longo processo de globalização. Alguns autores buscam dar até outros nomes - como mundialização - para que não se confunda com a ideia dos dias de hoje de "globalização".
      Eu, pessoalmente, diria que foi a partir deste período da época moderna que a ideia de "mundo" ganhou as formas que têm hoje. E junto com esta ideia de "mundo", a ideia de "homem" também teve que mudar, pois através das navegações e do contato com sociedades muito diferentes, foi necessários repensar aquilo que nos identifica a todos como "humanos" apesar de nossas diferenças.
      Além disso, este mesmo momento histórico tem traços parecidos com a nossa "globalização" atual, como o incremento das formas e do volume de comércio (como vc mesmo já apontou) bem como a intensificação das notícias sobre as partes mais remotas do globo e das formas de comunicação. Claro que não havia redes sociais, nem e-mail nem celular, mas o desenvolvimento de determinadas técnicas literárias e de impressão, associada à correspondência epistolar (envio de cartas) é uma característica muito significativa deste processo.
      Ou seja, um pouco das raízes da globalização a gente encontra lá no inicio da época moderna.

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  5. A Índia tem se tornado um país cada vez mais relevante nos últimos anos,e as relações entre Brasil e Índia têm demonstrado crescimento significativo nos últimos anos. Mas mesmo tendo uma forte ligação no século 16, 17..., ainda há uma grande dificuldade em observar essas singularidades aqui no Brasil. Como você atribui isso?
    Thaís Carolline Alves da Silva

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  6. Olá, Thays,

    com as recentes mudanças na geopolítica mundial, países como Índia, China e Brasil começaram a se colocar de uma nova forma no mercado global. Neste sentido, as relações Brasil - Índia se intensificaram, seja no campo do comercio ou mesmo na área da pesquisa acadêmica.
    Só não ficou claro pra mim o que vc quis dizer com "essas singularidades". Vc poderia explicar melhor?
    Obrigada!

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  7. Olá Bruna, boa noite!!

    Nesse semestre na UFRRJ curso uma disciplina optativa sobre o Império marítimo português, dentro do contexto da Ásia portuguesa. Com a bibliografia, me deparei com a ideia de diáspora dos alimentos, fomentada pela Carreira da Índia, dialogando com o seu texto, gostaria de saber quais fontes seriam viáveis, para um tema de pesquisa que tente dimensionar o impacto da expansão ultramarina portuguesa para a gastronomia brasileira.

    Desde já,grata!
    E muitíssimo parabéns pelo excelente texto.

    Nathalia Alcantara Camargo Pereira
    nathaliacamargo14@gmail.com

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    1. Olá, Nathalia, tudo bem?
      Não sou especialista no assunto, mas recentemente identifiquei algumas fontes interessantes do século XIX que tratavam do tema da culinária e também da ambientação e cultivo de determinadas "especiarias" no Brasil.
      Por exemplo, em "A arte culinária na Bahia”, de Manuel Querino, podemos ver receitas de Sarapatel, Arroz doce e Moqueca de Peixe. O coco, e não só o doce dele feito (a cocada) é ingrediente recorrente na culinária baiana. Estas receitas se aproximam daquelas próprias da Índia, em especial da região de Goa.
      Um outro livro, chamado "A Arte da cozinha", de Domingos Rodrigues, é um dos mais antigos livros de culinárias escritos em português. O autor foi cozinheiro de D. João IV e de D. Pedro II. A obra teve três edições durante a vida Rodrigues: a primeira em 1680, a segunda em 1683 e finalmente, a última, em 1698. Pode ser considerado um “best-seller”, já que, após a morte do escritor, o livro teve ainda novas edições em 1732, 1741, 1758, 1765 e 1794. É uma boa fonte para identificar ingredientes e receitas que indicam para esta "diáspora" que vc está mencionando. Afinal, as receitas presentes neste livro indicam que grande parte dos ingredientes que chegavam à mesa do Imperador vinham de muito longe. Fazer chegar especiarias, pimentas e demais ingredientes usados em tais receitas indicam o poderio econômico do Império português. No entanto, a demonstração deste poder não ficava restrita à receita em si, mas representava-se também nas louças em que se serviam tais iguarias. Como demonstrado por Eldino Brancante, na obra “O Brasil e a louça da Índia".
      Se vc tiver mais interesses nestas fontes e tiver dificuldades para encontra-las, me escreva.
      Boa pesquisa!

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    2. Muito obrigada pela resposta me ajudou muito!!! Certamente lhe escreverei.

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  8. Olá Bruna, parabéns pela pesquisa e resultado do trabalho.
    É perceptível que há uma dificuldade de pensar essa relação Brasil e Índia ainda hoje, mesmo com tantas reformulações na Historiografia, é necessário de que pesquisas como a sua sejam cada vez mais incentivadas e tenham reconhecimento, a História do Oriente precisa ser visibilizada. Estou na metade da graduação em História e penso em fazer um trabalho voltado para temáticas não tão visíveis e presentes na área, pelo menos é o que percebo entre o ciclo das pesquisas que acompanho. Pensando a nível de pesquisa você recomendaria temáticas envolvidas com essa relação não só Índia e Brasil, mas pensar o Oriente como palpável a pesquisa?? Quais suas maiores dificuldades para pensar dois polos distintos e a pesquisa de fato?
    Obrigada desde já.

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    1. Olá, Evellyn,

      muito obrigada pelas suas considerações. Acho que toda pesquisa necessita de um recorte que seja pertinente ao nível e tempo disponível (graduação, mestrado, doutorado etc). Recortes espaciais e temáticos mais precisos em pesquisas mais curtas (mestrado, por exemplo) podem propiciar recortes mais alargados no futuro (como no doutorado). De toda forma, qq que seja a "unidade espacial" estudada - Goa, Índia, Império Português, Oriente etc - o conceito que subsidia este recorte deve estar, desde muito cedo, claro para o investigador. Assim, minha sugestão é frisar a importância do jogo de escala, da pertinência do recorte, a viabilidade da pesquisa (administração do tempo) e a clareza conceitual. De resto, é só escolher uma boa questão e seguir em frente. Boa sorte!

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  9. Olá Bruna Soalheiro,parabéns excelente explanação, neste sentido gostaria de atentar para o primeiro parágrafo, sabemos da corrida ultramarina em busca de novas terras, na expedição Cabralina a terras brasileiras, temos em comum a exploração das riquezas desses duas terras recém-descoberta, o objetivo da coroa portuguesa era categoricamente pensado na expansão como você justifica esses laços de proximidade que a Índia teria com Brasil?

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    1. Os laços dizem respeito as circulações - de ideias, de pessoas, de objetos - entre estes espaços, que deixaram traços em nossa História e nossa cultura. A exploração de riqueza estava evidentemente em jogo, mas os efeitos desta exploração em outros campos para além do econômico são evidentes, e merecem o olhar atento do historiador. Vc não acha?

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  10. Quais são as características que se destacam na "disputa pelas almas" na chamada "expansão portuguesa" que foram significativamente notáveis na formação da Índia e do Brasil como Estados Nacionais? Quais suas influencias positivas e negativas?

    Alessandro Lopes Campelo

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    1. Olá, Alessandro,
      a "disputa pelas almas" é uma expressão que diz respeito ao processo de evangelização que ocorreu simultaneamente à chamada "expansão portuguesa", por vezes em função dela, e outras vezes apesar dela. Vc sabe, nem sempre a Coroa e a Igreja concordavam sobre como proceder nos espaços coloniais...
      No entanto, tenho dificuldade de traçar paralelos muito imediatos entre a formação do Brasil e da Índia como nações (pós século XIX, digamos) e a atuação dos missionários em ambos os locais. Digo isso porque as formas que o religioso assumiu e assume até hoje na Índia não se limitaram aos efeitos dessa missionação. Ao contrários, estas religiosidades delimitaram e moldaram o agir desses missionários.
      Neste sentido, eu não seria capaz de identificar o que foi "positivo" ou o que foi "negativo". Acho apenas prudente que estejamos atentos aos traços, às características que cada processo teve nas contingências estudadas.

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  11. Jéssica Iara Fernandes Varoni2 de outubro de 2018 às 21:43

    Boa Noite,

    Podemos relacionar o texto com a atualidade, que não é de hoje que existem laços entre Índia, China e Brasil, laços esses esquecidos pela história contada no Brasil, onde se visa muito a ligação européia, esquecendo que na realidade se deve globalizar a história em seu contexto geral, e visar o desenvolvimento, que atualmente na economia se enfatiza na China. Porém ainda hoje se é difícil pensar nos laços entre os três países, e as influencias deixadas pelo Oriente no Brasil em suas singularidades.
    Por que até hoje, dias atuais e mediante aos fatos e ao crescimento dos laços com o oriente, o mesmo ainda fica esquecido e pouco abordado na disciplina história, na sua opinião o que motiva isso?

    Jéssica Iara Fernandes Varoni

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  12. Olá Bruna Soalheiro,parabéns excelente explanação, neste sentido gostaria de atentar para o primeiro parágrafo, sabemos da corrida ultramarina em busca de novas terras, na expedição Cabralina a terras brasileiras, temos em comum a exploração das riquezas desses duas terras recém-descoberta, o objetivo da coroa portuguesa era categoricamente pensado na expansão como você justifica esses laços de proximidade que a Índia teria com Brasil? Jêibel Márcio Pires Carvalho

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    1. Acho que já te respondi lá em cima ;)

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  13. Olá Bruna Soalheiro. Muito boa sua conferência, desperta a curiosidade para saber mais sobre as fontes de pesquisa disponíveis para explorar essa temática. Diante dessa aproximação feita entre os espaços coloniais, pelo seu estudo das fontes, é possível pensar o diálogo para além dos termos de domínio colonial – a autoridade da Coroa lusa -, digo, trocas diretas, presença indiana, artefatos, serviços, no Brasil nesse período?

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    1. Olá, Alina,
      muito interessante a sua pergunta. Acho que podemos sim entender as circulações de pessoas, de ideias e de mercadorias desse período para além dos chamados espaços coloniais. Afinal, a "Índia" era (e é) muito mais do que Goa, Diu e Damão, e o "Oriente" muito mais do que o Estado da Índia. As mercadorias que abasteciam as carreiras da Índia estavam muitas vezes relacionadas a circuitos comerciais que transcendiam os limites dos domínios portugueses e até mesmo do sistema "em rede" desses domínios.
      Apenas para dar um exemplos: as cartas de missionários - portugueses, espanhóis e italianos - que atuaram na Índia não dizem apenas dos espaços coloniais. Ao contrário: muitas vezes elas se dedicam justamente a organizar um saber sobre as áreas onde os mercadores e as autoridades portuguesas não chegavam. Então eu acredito que sim, é possível um diálogo que não se limite às bordas do "Império".

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  14. Boa tarde professora! Qual seria a relação entre Índia e Brasil, uma vez que pouco se observa no dia a dia essa relação ?

    Luciana dos Reis de Santana.

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    1. Olá, Luciana,
      Índia e Brasil, isto é, espaços na Índia como Goa e aquilo que hoje chamamos de Brasil, estiveram, por algum tempo, sob a mesma autoridade política. Isso deixou marcas na cultura destas sociedades, como a língua (o português ainda é falado em Goa, mesmo que em pequena escala).
      Além disso, tanto a Índia como o Brasil contemporâneo organizaram-se muito recentemente para ocupar espaços na geo-política mundial que até então eram ocupados por países considerados mais "centrais" na economia mundial.

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  15. Boa noite, Bruna.
    No Brasil há alguma herança cultura que se possa facilmente identificar no litoral brasileiro ou outra região do país dessa relação entre Portugal e índia?
    Fabiano Pio da Silva

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    1. Olá, Fabiano,
      acho que podemos ver até hoje efeitos da circulação de ideias, produtos e pessoas na cultura brasileira. A língua, a culinária, a história, em todos esses campos é possível estabelecer aproximações entre algumas regiões do Brasil e da Índia, especialmente Goa.

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  16. LUIZ ADRIANO ZAGUINI4 de outubro de 2018 às 09:30

    Parabéns pela pesquisa. Sabemos da dificuldade do estudo da História Oriental no Brasil e, neste sentido, o que você conseguiu descobrir sobre Goa e a influência Lusitana nos dias atuais?

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    1. Olá, Luiz,

      não sei se entendi a sua pergunta. Goa foi território português até meados do século XX, então não sei bem se isso se enquadraria aos "dias atuais" que vc esta dizendo. Especificamente sobre Goa, no período moderno, eu sugiro a lei ura de:
      Xavier, Ângela Barreto. A invenção de Goa: poder imperial e conversões culturais nos séculos XVI e XVII. Imprensa de Ciências Sociais, 2008.
      Talvez te interesse!

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  17. Professora Bruna, parabéns por seu trabalho e compromisso com as fontes de pesquisa e reflexões tão caras à compreensão de nossa formação histórica de forma vasta, plural e alhures. a partir dessa relação cultural, social e histórica podemos afirmar que a colonização brasileira foi uma consequência da sedução econômica e cultural provocada pela ìndia sobre a ambição europeia inconsequente e insaciável ?

    Lhara Letícia de Oliveira Santos

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    1. Olá, Lhara,
      existiam vários projetos "Europeus" concorrentes no início da época moderna, então não sei se podemos falar de todos eles como se fossem homogêneos, com mesmos objetivos e mesmas estratégias. De toda forma, a ambição de algumas coroas europeias era racional e, em certo sentido, bastante consequente: daí as negociações, os tratados, as preocupações jurídicas, políticas econômicas e financeiras que eles indicam.
      A colonização do brasil foi um processo de causas e consequências diversas, ou, dito de outra forma, de projetos e contingências variadas. Entende-la num contexto mais amplo, levando em conta outros espaços como a Ásia e a África pode ser um exercício proveitoso.

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  18. Oi Bruna, tudo bem? Como os lusitanos travaram esta grande troca cultural no correr dos primeiros anos da Idade Moderna? sempre com ajuda dos jesuítas e dos canhões? e como ficou a relação destes com o comércio local, que eles tanto almejavam ?

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    1. Olá, Vinicius,

      os portugueses conseguiram estabelecer uma postura plural, que se adaptava às contingências locais. Negociação, coerção e violência foram traços deste agir da Coroa portuguesa. O uso estratégico da evangelização e do poder político das ordem religiosas, em especial da Companhia de Jesus, também é marca deste momento em que os portugueses se estabelecem pelo mundo.
      Era justamente a alternância do uso desses recursos - negociação/coerção - que garantiram aos portugueses um espeço privilegiado nas rotas de grande importância ao redor do globo na idade moderna.

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