Priscila Scoville

REFLEXÕES SOBRE OS ESTUDOS DA ANTIGUIDADE PRÓXIMO-ORIENTAL NO BRASIL

O número de pesquisas dedicadas a história do Antigo Oriente Próximo tem crescido nos últimos anos no Brasil. Em grande parte, essa guinada se deve a professores como Emanuel Bouzon, Ciro Flamarion Cardoso e Emanuel Araújo, que se aventuraram pela área da antiguidade oriental em uma época em que a bibliografia e os documentos não eram tão acessíveis quanto hoje a internet os possibilita serem. A título de ilustração, Bouzon, teólogo, estudando o Antigo Testamento, foi o autor das primeiras traduções de “o Código de Hammurabi” em nosso país [2003]. Cardoso, historiador que se dedicava a assuntos como historiografia, metodologia e Brasil colonial, migrou para a História Antiga, sendo considerado o pai da egiptologia no Brasil (com diversas obras publicadas, como a “Sete Olhares sobre a Antiguidade”, de 1998). Araújo, por sua vez, trocou os estudos clássicos pelo Egito faraônico, tendo publicado a tradução de diversos textos literários egípcios para o português (como a sua obra, “Escrito para a Eternidade”, de 2000). As iniciativas destes, e de outros, pesquisadores alavancou a História Antiga Oriental no Brasil, garantindo acesso às fontes aos alunos e demais historiadores que não tinham condições de frequentar os grandes centros de pesquisa na Europa ou nos Estados Unidos.

Hoje o Brasil dispõe de diversos grupos de pesquisa dedicados a Egiptologia e a Assiriologia, com expressão no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Uma nova geração de professores, como Katia Pozzer, Júlio Gralha, Marcelo Rede, Moacir Santos, Liliane Coelho, etc., incentivam graduandos de história e arqueologia a pensarem a antiguidade oriental. Contudo, quando pensamos em História Antiga, os trabalhos acadêmicos continuam sendo majoritariamente dedicados ao Período Clássico.

A tendência em se estudar gregos e romanos não é aleatória e em muito tem a ver com a própria concepção de História que se formou ainda no século XIX e foi herdada no Brasil. Esse é um fator crucial que devemos levar em consideração quando pensamos em um trabalho historiográfico. A disciplina não surgiu sem motivo, mas como uma ferramenta para a criação de identidades. Não é a toa, então, que as histórias que estudamos na escola (e até mesmo na universidade, ainda que em menor grau) são bastante eurocêntricas e não contemplam diversos povos, em especial, do oriente.

Nesse sentido, a História é um agente da memória social e busca estabelecer uma identidade coletiva. É claro, que nem toda identidade vem da memória, mas aquelas mais enraizadas e, aparentemente indiscutíveis, são herdadas por essa memória fundada e garantida pelo passado. Entretanto, ao contrário do que se pode imaginar, o principal agente dessa criação de identidades nacionais é o Estado, não o historiador. Isso porque o Estado é o responsável por institucionalizar as escolas, selecionando o que da história deve ser ensinado e a partir de qual idade teremos acesso a ela. Deste modo, a História Antiga é relacionada a Grécia e a Roma, pois estas são as regiões identificadas como berço da civilização e das leis, respectivamente. É conveniente, portanto, que o Estado queira nos identificar com os pensadores gregos, de mesmo modo que queremos herdar o poder imperial e as leis do império romano.

Por causa desse seu caráter identitário, a História tem certa dificuldade em pensar em interações sociais ou sequer as assumir. Isso porque não lhe é interessante afirmar que a Grécia foi influenciada por povos orientais, por exemplo, já que estes passaram a ser relacionados com a incivilidade, o agressivo e o bárbaro. Isso é uma falha da própria disciplina em relação a tal da “verdade histórica”, mas um acerto para o seu propósito.Assim, acredito que para nos dedicarmos ao estudo da Antiguidade Oriental, uma reflexão sobre a disciplina histórica deve acontecer como um exercício prévio a qualquer trabalho.

A História está cercada por limitações e nós devemos ter consciência delas na hora de elaborar uma pesquisa. Em 1970, David Fischer, lançou um livro, chamado “Historian’s fallacies”, apontando os maiores erros dos historiadores. Baseado nesse livro, John Gee [2000], escreveu um artigo sobre as falácias na egiptologia. Esses textos são muito bons para refletirmos não somente a disciplina, mas,também, sobre nosso próprio trabalho, na medida que o fazemos e por isso ressalto esses nomes aqui.

Ricouer [2007] é outro nome que nos ajuda a refletir sobre os problemas e limites da História. O autor aponta a impossibilidade de se reviver o passado e classifica o historiador como agente ativo na escrita, adaptando-a e modificando-a, a partir das questões que ele próprio propõe aos seus documentos e fontes. A própria seleção dos temas de pesquisa passa pelos nossos filtros: escolhemos coisas com as quais nos identificamos e acreditamos ser relevantes a partir de nossas vivências e experiências. Além disso, quando lemos um texto antigo, vamos interpretá-lo de acordo com as nossas concepções e não com as concepções do escriba que o escreveu. Isso acontece porque o pesquisador é um ser da contemporaneidade e tudo que ele lê e vê passa pelos seus próprios filtros ideológicos e culturais, mesmo que de forma inconsciente. Aliado a isso, temos que considerar que oser humano é mutável e nada permanece tal qual uma vez já foi, em especial as coisas não materiais, que dependem do pensamento e se mantém pela oralidade. Assim, o que sabemos sobre os antigos nada mais é do que os vestígios que eles nos deixaram, não seu fiel pensamento. Isso significa que conhecemos as práticas, não as crenças – o que vale também para a religião. Conhecemos os deuses, conhecemos as formas de culto, mas a crença em si se perdeu ou, no mais otimista que podemos ser, se modificou – como o caso do hinduísmo ou do judaísmo.

Vestígios escritos são as formas mais comuns entre documentos utilizados para pensar a História, contudo, é imprescindível lembrar que há um agente por trás de tais registros e que, portanto, a escrita por si só não é confiável. Intrínseco ao texto, encontramos noções de mundo, expectativas, responsabilidades, sentimentos e intenções de seu autor. Esse é mais um dos motivos pelos quais tanto se diz que a História não encontrará o passado tal qual ele foi e apenas fará uma aproximação dele. Assim, do mesmo modo que nossas expectativas e vivências contemporâneas influenciam na leitura de um texto antigo, a escrita deste está envolta nas noções de seu autor, que seleciona o que julga ser interessante ou não para ser redigido.

“Uma análise sobre o passado na qual projetamos o nosso presente, nada mais é do que anacronismo. Por isso, é importante que não procuremos no passado uma relação com o presente, mas a relação do passado no presente. Por outro lado, não podemos nos distanciar das pessoas, isto é, devemos conferir aos homens da antiguidade suas características humanas, como seres que influenciam e são influenciados, que agem e se arrependem, que mudam, que sentem. Não podemos tentar entendê-los de forma estática, porque, assim como nós, eles também eram subjetivos e variáveis” [SCOVILLE, 2017, p. 14]. 

Estudar a Antiguidade Oriental tem, ainda mais um elemento a ser considerado: o Orientalismo. Nas palavras de Said, “o oriente não era (e não é), um tema de livre pensamento e ação”[SAID, 2007, p. 30]. Como herdeiros de uma história eurocêntrica, muitas noções que perpassam nossas pesquisas, ainda que indiretamente, sofrem influência das ideias ocidentais. Isso significa que nosso estudo em muito falará sobre o oriente a partir de noções externas a ele. Nesse sentido é preciso atenção: o imaginário criado acerca do oriente frequentemente o distorce na dicotomia civilização e barbárie, para o Oriente Próximo (ou Médio); e o relaciona com o misticismo no Extremo Oriente. O Oriente, assim, se torna um lugar onde o ocidental vive suas aventuras e desbrava culturas exóticas inferiores e, portanto, reafirma a superioridade do Ocidente. Quando recuamos no tempo, essas implicações ficam ainda mais visíveis, em muito, pela sua invisibilidade.

A falta de atenção dada a antiguidade oriental reflete ideias como a da criação da civilização e do conhecimento na Grécia, como apontei anteriormente. Consequentemente, assume-se que povos anteriores ao período clássico não eram detentores de conhecimento ou da civilização. Ora, as primeiras cidades, as primeiras organizações políticas e as primeiras leis de que se tem registro são, afinal, provenientes do oriente. Isso não é um contrassenso?

Podemos dizer que, em relação aos seus estudos, existe uma neblina sob os povos do Antigo Oriente Próximo, sendo comum os confundir uns com os outros, sua localidade e, até mesmo, o período de sua existência. A educação histórica no Brasil, no que diz respeito a antiguidade próximo-oriental, coloca diversas etnias em um mesmo molde, que chamamos de “os mesopotâmicos” sem sequer entender quem eles são. Exatamente por isso imagina-se, no senso comum, que Mesopotâmia foi um reino, com uma cultura homogênea. A realidade, porém, é outra. A Mesopotâmia é uma designação regional, não política, e os habitantes dessa localidade são membros de reinos, culturas e etnias diversas. Entre os mais conhecidos estão acadianos, sumérios, persas e assírios, mas também temos elamitas, hurritas, semitas, etc.

Cada um desses grupos possuiu características próprias, mas também se relacionou com os demais. Ao mesmo tempo em que precisamos atentarmo-nos as especificidades de cada um, devemos ponderar para não os isolarmos do ambiente dinâmico e sincrético que a região mesopotâmica era. Para além disso, é necessário humanizar os personagens, lembrando que enquanto pessoas, eles também poderiam agir de formas diversas ao padrão, tendo opiniões que poderiam ser mudadas. Afinal, como afirma Marc Bloch, em sua célebre frase de “A Apologia da História ou O Ofício do Historiador”, o historiador deve buscar pela humanidade em suas pesquisas [BLOCH, 2002, p. 54].

Os estudos acerca da Antiguidade Oriental sofrem com diversos empecilhos metodológicos, como demonstrei, mas também enfrentam dificuldades práticas. Não existe, no Brasil, grandes acervos ou bibliotecas com coleções dedicadas ao assunto. Em se tratando do Egito, existe algum acesso pelo Museu Nacional (que tinha o maior acervo da América Latina, antes de sofrer com o recente incêndio do dia 02 de setembro), e com um maior número de pesquisadores brasileiros interessados. Quando vamos para a Mesopotâmia, porém, os materiais são ainda mais escassos. A falta de incentivo financeiro de bibliotecas para a aquisição de produções estrangeiras recentes que se dediquem ao Oriente Próximo e os altos valores cobrados por editoras como a Brill, deixam muitos materiais inacessíveis ao brasileiro. O quadro, porém, não é tão pessimista.

Iniciei este texto comentando que o número de pesquisas relacionadas a antiguidade próximo-oriental tem crescido no país e isso é verdade. Devemos muito à política de publicação online de acesso livre (open-access). Essa iniciativa de não cobrar pelo conhecimento vem crescendo no mundo e tornando a área mais acessível para os países perimetrais, ainda que muitas vezes acabem sendo excluídos de grandes congressos pelos altos preços de passagens aéreas para o exterior e custo de manutenção nesses locais. Os cortes de verba dedicada à educação e à cultura, que vem acontecendo no Brasil, deixa isso ainda mais expressivo: não há bolsas para alunos ou professores se especializarem e participarem de encontros fora (e dentro) do país. Felizmente, a internet nos possibilita uma rede de contato com o mundo todo e o Brasil não fica para trás em questão de qualidade da produção acadêmica acerca do Antigo Oriente Próximo.

Atualmente, existem dois professores cujo o doutorado foi feito em Assiriologia, são eles: Katia Pozzer (UFRGS) e Marcelo Rede (USP). Além destes, também temos um professor, que apesar de não ser historiador, contribui, em muito para a área: Carlos Henrique Barbosa (USP), cujo pós-doutorado foi dedicado à matemática mesopotâmica. Estes três nomes, apesar de pouco em quantidade, são expressivos e têm formado grupos de pesquisa, mestrandos e doutorandos interessados na pesquisa próximo-oriental. Para além destes nomes, outros professores, de todo o país, têm incentivado e apoiado estudos na área, mesmo não sendo a sua especialidade. Isso demonstra que o Brasil está desenvolvendo cada vez mais estudos sobre o Antigo Oriente Próximo e aceitando diferentes vieses de pesquisa na História. A área, então, está em ascensão no Brasil (e no mundo) e a tendência é que cada vez mais tenhamos pesquisas dedicadas ao assunto e, por consequência, em língua portuguesa, garantindo, também, mais acesso aos brasileiros.

Concluo este breve ensaio, com a esperança de impulsionar novas pesquisas acadêmicas voltadas ao oriente. Convido a quem tiver interesse a revisitar a antiguidade oriental considerando a longa jornada que História, enquanto disciplina, percorreu até abrir espaço para estudos focados no “outro”, no não-ocidental, para que, assim, possamos apreciar o legado deixado por eles. No Antigo Oriente Próximo vimos nascer e florescer diferentes culturas, línguas, religiões e formas de se relacionar com o mundo. Foram os mesopotâmicos que nos ensinaram a escrever, a guardar os documentos em bibliotecas e a organizar uma cidade politicamente; nos ensinaram o cálculo e a astronomia; entre tantas outras coisas. Por isso, acredito que essa região ainda tem grande potencial para continuar nos ensinando muito, basta dar-lhe uma chance para que ela nos diga como seus habitantes viam o mundo e como podemos aprender com as atitudes tomadas pelos antigos. Tenhamos coragem para enfrentar as dificuldades acadêmicas e serenidade para desenvolver esse tipo de conhecimento que tanto carece de estudos em nosso país.

Referências:
Doutoranda em História na UFRGS, orientada pela Profª. Drª. Katia M. P. Pozzer. Representante do Association for Students of Egyptology.
pcnlscoville@gmail.com

ARAÚJO, Emanuel. Escrito para a eternidade: a literatura no Egito faraônico. Brasília: EdUnB, 2000.
BLOCH, Marc. A Apologia da História ou O Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda, 2002.
BOUZON, Emanuel. O Código de Hammurabi. Petrópolis: Editora Vozes, 2003.
CARDOSO, Ciro Flamarion. Sete Olhares Sobre a Antiguidade. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998.
FISCHER, David H. Historian’s Fallacies. Toward a logic of Historical Thought. New York: Harper Perennial, 1970.
GEE, John. Egyptologists’ Fallacies: fallacies arising from limited evidence. IN: Journal of EgyptianHistory, v. 3, n. 1, 2010, pp. 137 – 158. Disponível em: http://booksandjournals.brillonline.com/
RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. São Paulo: Editora Unicamp,2007.
SCOVILLE, Priscila. Queremos nos amar como irmãos: uma análise historiográfica das cartas de Amarna e das relações entre Egito e Mitani entre c. 1390 – 1336 AEC. (Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em História). Curitiba: UFPR, 2017, p. 14. Disponível em: https://goo.gl/QGRgo9
SAID, Edward W. Orientalismo. O Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

71 comentários:

  1. Bom dia,
    ao mencionara essa parte "conhecemos as práticas, não as crenças" não conseguir capturar a parte essencial do argumento.
    Francisca airla vidal

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Francisca. Tudo bom?
      O que eu quero dizer com isso é que tudo o que nós sabemos sobre os antigos são os vestígios que eles deixam, mas não temos como compreender seu pensamento, pois isso é único e não é algo que se deixa expresso nas documentações. Sabemos como eles agiam, qual era o nome dos deuses e as formas que tinham de culto, mas nós não sabemos (nem nunca saberemos) como cada indivíduo interpreta e se relaciona com essa religião.

      Excluir
  2. Bom Dia! Em sua opinião ainda existe uma certa resistência ao ensino de História Oriental nas escolas brasileiras, assim como o ensino de religiões de matriz africana por exemplo? Como graduando e futuro professor de História vejo que não existe muito interesse das escolas, do conselho escolar e até de muitos pais que vêem o ensino de história oriental com um certo preconceito, principalmente por abordar alguns temas um tanto delicados, como a questão da mulher, o extremismo religioso, etc.

    Francisco Pinto Lopes

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Francisco, tudo bem?
      Eu não vejo isso como uma resistência ativa, mas como uma tradição. Os assuntos que a história aborda nas escolas foi determinado nos séculos passados e por isso se interiorizou no sistema de um jeito que entendemos que a história é somente aquilo que o MEC atribui a ela. Não acho que seja preconceito, mas uma falta de capacidade de assimilar o debate acadêmico no meio social. O brasileiro médio, que cresceu ouvindo a história europeia e se identifica com essa região (todo mundo conhece alguém que adora dizer ser italiano/alemão/polonês/etc, mas que nem sabe qual é o grau de parentesco desse imigrante). Essa identificação, gerada pelo sistema de ensino, também o mantém. O debate para incluir a História da África, por exemplo, foi polêmico, porque esse brasileiro médio, que não se identifica com o continente africano e nunca o estudou, dificilmente vai enxergar a importância da África. Pessoas que não estão inclusas num debate acadêmico e historiográfico tem uma preparação intelectual diferente (o que gera muita discussão na internet) por ter sido educado de uma forma que diz que a história aconteceu na Europa. Para lidar com isso, devemos tentar explicar que a história também está em outras regiões e nos focar nos alunos, pois um pensamento interiorizado dificilmente se quebra, mas podemos treinar novas formas de ver o mundo.

      Dito isso, parte dessa 'resistência' também acontece porque nós, professores, fomos educados nesse sistema e a ideia de inclusão é bastante recente. Muitos professores não têm o aparato técnico pra inserir as discussões em sala.

      Excluir
  3. Bom dia! Sabemos que grande foi a contribuição do povo oriundo do Oriente para o nosso país, no entanto não se fala dessa contribuição nos livros didáticos.Há uma certa discriminação em relação a História do Oriente. A minha pergunta como futura historiadora é : o que poderíamos fazer para mudar essa realidade?

    Luciana dos Reis de Santana.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, por favor, veja a resposta coletiva.

      Excluir
  4. Sou testemunha da falta disciplinas na graduação que trate do oriente especificamente nas universidades brasileiras, na maior parte do tempo estudamos as Américas ou a Europa ocidental e quando possível estudamos um pouco sobre a África e esquecemos todo o resto do mundo. Quando pensamos nas escolas brasileiras isso é ainda mais diluído, muitos professores que trabalham na educação básica não sabem tratar do tema, o Estado tem sem dúvida sua parte na questão com o baixo incentivo que oferece à educação, dito isso, quais são as principais contribuições que o ensino de história oriental antiga poderia fornecer aos alunos da educação básica no Brasil?

    Denis Garcez de Oliveira

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Denis. Tudo bom?
      Saindo da questão específica sobre se ter um conhecimento sobre o oriente, acredito que a maior contribuição que o ensino da história oriental (não somente antiga) é a pluralidade. Em um país, como o nosso, em que a História é eurocêntrica, interiorizamos a informação de que o resto do mundo é inferior e não tem relevância. Isso certamente não é verdade, mas dá origem a diversos tipos de preconceitos - contra negros, contra asiáticos, conta nativos. Na medida em que introduzimos outras regiões conseguimos assimilar diferentes culturas e entender que (no caso da história antiga) existiam civilizações antes da Grécia e leis e organizações políticas antes de Roma. Essa ruptura com a narrativa eurocêntrica nos deixa mais inclusivos e nos ajuda a criar uma identidade própria brasileira, para substituir a comprada e herdada das escolas europeias. Isso é bem visível, por exemplo, quando vemos que dificilmente um brasileiro médio se identifica como tal, mas prefere dizer ser italiano/alemão/polonês/etc, sem nem ao menos ter certeza do grau de parentesco do imigrante antecessor. A discussão sobre a inclusão de História da África (que ainda é bastante recente) ilustra isso: muitos se opuseram por não acharem relevante, mas hoje já podemos perceber que tem surtido efeito para a identificação de grupos afro-brasileiros.

      Excluir
  5. Excelente texto. Destaco a parte em que fala sobre as identidades sociais, e como são forjadas pelo Estado para perguntar: como você percebe as consequências da reforma curricular no ensino médio, que promove um ensino mais eurocêntrico ainda?

    Thalia Abreu de Carvalho

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Thalia, tudo bom?
      Eu acredito que o sistema de ensino precisa passar por uma reforma, mas uma reforma completamente diferente dessa proposta. A BNCC restringe ainda mais os disciplinas (e nem me refiro somente às ciências humanas). É um atraso para a educação. Em primeiro lugar, porque há uma falta de conteúdos programados no ensino fundamental que desencadeiem e estruturem os debates programados para o Ensino Médio, idealizados pelo novo currículo. Ou seja, não se cria uma base de aprendizado. Sem conteúdo também não há pensamento crítico e isso inviabiliza a discussão sobre as construções ideológicas. Para o caso da História Oriental (e Antiga) isso fica ainda mais gritante, visto que não teremos espaço para pensar essas mentalidades que propunham a soberania de uns povos sobre outros no passado (ou do ocidente sobre o oriente).
      O programa ainda tem muitos outros problemas, como essa segregação temática, que acaba por distanciar o assunto trabalhado do aluno - dificultando uma identificação. E outra, como você mesmo diz, os assuntos propostos para serem trabalhados são ainda mais restritos e eurocêntricos. Não contribui para o pensamento agregador e integrador como é o caso do mundo (e também era na antiguidade).

      Excluir
  6. Olá, diante da bem pontuada explanação me questionei - assim como você expressa esse questionamento no texto - sobre a ocidentalização no estudo da Antiguidade, que concentra maior parte do ensino de História Antiga em regiões do Ocidente e monopoliza ainda mais quando chega na dita Antiguidade Clássica concentrando-se em Grécia e Roma. Nesse sentido existe toda uma gama de materiais didáticos e paradidáticos para o ensino dessa área da história na educação básica. Contamos com livros didáticos,coleções de livros, filmes, documentários, etc. e todo esse material concentra esse peso imposto pelos planos, diretrizes e ordens superiores da educação nacional que ainda valoriza a cultura europeia, desta maneira, existe uma produção significativa de materiais brasileiros para o ensino da História Antiga ou ainda, existem materiais traduzidos ou reorganizados que podem ser usados dentro da sala de aula e que tratam com maior cuidado a questão do Oriente na Antiguidade? E como podemos introduzir de maneira dinâmica o conteúdo acadêmico, como citado Ciro Flamarion Cardoso, na sala de aula?

    Emili Sabrina Ribeiro Silva

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, por favor, veja a resposta coletiva.

      Excluir
  7. Boa tarde aqui em nosso estado que é o Pará temos o mesmo problema voltado para a história da amazônia, pois estudamos e no caso pra quem já leciona ensina história ocidental uma visão eurocêntrica das coisa ,acho uma falha não valoriza a nossa própria história e ensinar na educação básica, o meu questionamento e que se há possibilidade de uma ligação com os povos antigos orientais e as civilizações antigas que acreditamos que viveu na amazônia que é um objeto de pesquisa com pouquíssimas fontes assim como as pesquisas do antigo oriente ?
    Gizeli Pantoja Soares Lobo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Gizeli. Tudo bom?
      Não sei se entendi muito bem a sua pergunta. Você se refere a teoria de que os fenícios estiveram no Brasil? Nesse caso, não passa de fantasia, estimulada por pesquisadores do século XIX que desconheciam a cultura indígena e criam um imaginário em cima disso, diminuindo a capacidade nativa e atribuindo seus fazeres a outros grupos já conhecidos por eles.
      Agora, sobre a valorização da nossa história, isso é de fato importante. A cultura nativa do Brasil pré-colombiano é muito rica e tem muito a oferecer. Essas pesquisas, porém, estão sendo feitas mais no campo da arqueologia, que ainda designa "pré-história" como os momentos pré-colombianos e "história" somente após a chegada dos europeus (ainda que os termos estejam sendo substituídos atualmente). Isso deixa bastante clara a influência do pensamento eurocêntrico em nosso país, já que só lhe atribui uma "História" quando tem personagens europeus. É claro, isso também é herança do século XIX.

      Excluir
  8. Como estudante de História percebo como é deficiente o nosso estudo da História Oriental, como se a história só pertencesse ao Ocidente, na sua opinião quais atitudes podem ser tomadas para que se dê mais importância ao estudo da História Oriental

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, por favor, veja a resposta coletiva.

      Excluir
  9. Boa noite, percebo que nas escolas ainda há uma certa resistência em estudar mais a fundo o Oriente, e assim, nas escolas temos alunos orientais. A minha pergunta é como esse aluno se identifica na história? Porque temos a inclusão do ensino de História da Africa e afro-brasileiros nos currículos escolares, mas aquele aluno que é oriental, não tem uma certa identificação na história. De que forma trabalhar isso?
    Angelina dos Santos Franco

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, por favor, veja a resposta coletiva.

      Excluir
  10. Boa noite, sabemos que grande foi a contribuição dos povos do Oriente para o nosso país, no entanto essa contribuição não esta presente nos livros didáticos, e quando está, esta em uma quantidade muito pequena. Me parece que há um certo menosprezo em relação a História do Oriente. A minha pergunta é: Há material o suficiente disponível para abastecer esses livros didáticos? E se há porque então esse pedaço da história é discriminado?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, por favor, veja a resposta coletiva.

      Excluir
  11. Luciana dos Reis de Santana, Emili Sabrina Ribeiro Silva, Silvana, Angelina dos Santos Franco e Lucas.
    Vocês têm perguntas parecidas ou que se relacionam então vou tentar responde-los em um bloco só, mas caso continuem com questões, fico disponível.

    Bom, existe uma falha no ensino, como eu mencionei no texto, por valorizar os povos ocidentais e, infelizmente, os professores precisam seguir os temas propostos pelo MEC. Essa institucionalização da educação tem problemas por prezar o ocidente, mas pode ser contornada de diversas formas. Eu vou dar o exemplo do que eu gosto de fazer, mas obviamente eu não dito as regras.

    Particularmente, eu gosto de incentivar a crítica (em diferentes níveis, respeitando a idade do aluno). Penso em trazer coisas do cotidiano com que eles tenham contato e interajam com o assunto base da aula. Por exemplo, ao trabalhar Roma, podemos pegar filmes como "300", e questionar as crianças sobre a visão que eles tem do inimigo romano (no caso, os persas) a partir do longa e tentar explicar um pouco sobre a construção de narrativas. Depois podemos introduzir fontes (ou imagens) persas que mostrem a riqueza e a sabedoria que aquele povo detinha e pedir, novamente, para que as crianças descrevam os persas. Ao fim, comparamos as duas descrições. Isso pode ser feito em grupos também, separando metade da turma para ver o filme e outra metade para trabalhar com outra documentação e depois cada grupo faz sua descrição para o debate.
    Na medida em que se avançam as séries, esse debate pode ir ficando mais complexo, abrangendo outras características. Para a Idade Média, por exemplo, temos o "Cruzada". E para o Extremo Oriente, "O último Samurai". O ponto chave, para mim, é pensar nas formas de contato que o oriente e o ocidente tiveram, é uma maneira de introduzir o oriental sem sair do currículo estipulado pelo MEC.
    Eu gosto de usar filmes, principalmente nas séries iniciais, por ser algo comum aos alunos e de fácil assimilação, já que é bastante visual. Contudo, trazer poemas/hinos antigos também funciona - a verdade é que tudo depende da classe em que se está trabalhando.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. [continuação]
      Sobre essa resistência em se trabalhar a história oriental, eu falei um pouco na resposta que dei ao Francisco Lopes, acima. Mas de forma breve, isso se deve pela interiorização de que temos dessa História Eurocêntrica, que se estuda no país desde o século XIX. Pensar o oriente é uma coisa nova, muitos professores não têm um preparo teórico para conseguir oferecer isso em sala, e a mentalidade do brasileiro médio não enxerga a importância daquilo com o qual ele não se identifica - e nesse ponto comento em especial para a Angelina: temos que tentar trazer esses diferentes povos para a educação, para criarmos uma identidade própria, não necessariamente europeia. No caso de alunos orientais que não se enxergam na História ensinada tradicionalmente é importante mostrar que existem outras histórias também. Um outro exemplo (além do "ultimo samurai") de se trabalhar isso é pensar a rota da seda, marco polo, e viajantes que saíram o ocidente para o oriente. Existem escritos descrevendo as viagens, as coisas que viam pelo caminho e as impressões que o oriente deixava sobre o ocidente. É uma forma interessante de se trazer um debate para a sala de aula.

      Como eu disse, a realidade atual do ensino no Brasil está interiorizada no brasileiro médio e, por isso, dificilmente conseguiremos trazer para o ambiente social esse debate acadêmico sobre a importância de se pensar outros grupos (não-europeus) na história. Contudo, ao meu ver, na medida em que apresentamos esses outros personagens e essas diferentes formas de vida, as próximas gerações já terão uma consciência maior sobre essas questões. Exemplo disso é a inclusão da História da África nos currículos: depois de um longo e polêmico debate, esse espaço foi aberto e os afro-brasileiros aos poucos vão se enxergando como agentes ativos na História (e eu friso a importância em não se tratar apenas do Egito, mas trazer outros territórios, como Axum, para o aluno, para entender a pluralidade do continente).

      Excluir
  12. Bom dia.
    Achei muito pertinente o debate proposto, existem várias temáticas muito pouco exploradas no Brasil. Ainda estou na graduação, e a dificuldade de textos em língua portuguesa limita muito o acesso a livros e artigos que estejam dentro dessas temáticas.
    Mas para além desse problema da dificuldade de poucos estudos em algumas áreas, achei perspicaz sua abordagem quando menciona a dificuldade da História em pensar interações sociais. Para além da política, economia, cultura ou qualquer outro meio que utilizemos para estudar uma história específica, existiram (ou existem) seres humanos que pensavam, sentiam, racionalizavam, enfim eram seres como nós, guardadas todas as especificidades que essa afirmação possa trazer. Queria que, se puder, comentasse mais a esse respeito. como estou no começo da caminhada em pesquisa histórica, seria interessante ouvir uma pesquisadora com mais bagagem. se puder também indicar alguma leitura nesse sentido serei grato.
    Abraços.

    Felipe Calixto Novaes

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Felipe, tudo bom?
      Eu abordo esse assunto mais extensamente no início da minha dissertação de mestrado (https://www.academia.edu/33106400/Queremos_nos_Amar_como_Irm%C3%A3os_uma_an%C3%A1lise_historiogr%C3%A1fica_das_Cartas_de_Amarna_e_das_Rela%C3%A7%C3%B5es_entre_Egito_e_Mitani), mas recomendo o livro do Prof. Norberto Luiz Guarinello, chamado "História Antiga". É um livro curto e não está falando especificamente sobre o AOP, mas dá umas ideias muito boas sobre a antiguidade e formas de entende-la. Uma leitura, mais complexa, que me ajuda a pensar essas questões, é o Paul Ricouer, em especial com o "A História, a Memória e o Esquecimento".
      Fico disponível se precisar ou quiser debater sobre o assunto.

      Excluir
    2. Obrigado pelas indicações. Vou ler com calma sua dissertação, me interesse por essas questões sobre imaginário e memória. Sucesso nas suas pesquisas do doutorado.

      Excluir
  13. No início do texto diz que O número de pesquisas dedicadas a história do Antigo Oriente Próximo tem crescido nos últimos anos no Brasil. Minha pergunta é:
    Quais são as fontes relacionadas a essa afirmação???

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Marcos, tudo bom?
      Essa afirmação é baseada na observação. Tenho acompanhado, nos últimos anos, um crescimento de interesse por parte dos alunos de graduação e uma maior abertura de professores em orientar pesquisas sobre o AOP. Se procurarmos pesquisas brasileiras no assunto, teremos como base a dos professores mencionados, mas recentemente pesquisas de IC são cada vez mais númerosas. Uma pesquisada no Lattes na parte de orientações de professores de Antiguidade também mostra que o interesse é crescente, sendo esse tipo de pesquisa mais comum nos últimos 5 anos.

      Excluir
  14. Priscilla, olá. Após leitura do texto e dos comentários, sinto a preocupação com a ausência de conteúdos nos livros do ensino fundamental e médio sobre o Oriente. Como você bem explicou, existe um fator cultural muito forte em nosso país sobre o eurocentrismo. Para que exista uma mudança nesta cultura, as universidades também devem adequar suas grades curriculares, para que assim, possam influenciar mudanças no ensino fundamental e médio. Parabéns pelo trabalho. Joseane Machniewicz Canha

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Joseane. Tudo bom?
      Muito obrigada! Concordo, a mudança também precisa acontecer nas Universidades, mas acredito que aos poucos o panorama está mudando. Ainda é um caminho longo a ser percorrido, mas eu o vejo com otimismo.

      Excluir
  15. Priscilla, olá. Após leitura do texto e dos comentários, sinto a preocupação com a ausência de conteúdos nos livros do ensino fundamental e médio sobre o Oriente. Como você bem explicou, existe um fator cultural muito forte em nosso país sobre o eurocentrismo. Para que exista uma mudança nesta cultura, as universidades também devem adequar suas grades curriculares, para que assim, possam influenciar mudanças no ensino fundamental e médio. Parabéns pelo trabalho. Joseane Machniewicz Canha

    ResponderExcluir
  16. Ao entendimento de seu artigo, observei que ainda há uma resistência, chegando a ser um bloqueio do ensino a ensinar a história oriental dentro das escolas de nosso pais, sendo um dos tópicos importantes, para ser debatido dentro de sala e mudar um pouco o ponto de vista sob os mesmo, como poderíamos "driblar" esse preconceito sobre o ensino nas escolas e debater sobre a história oriental , e ajudar os alunos a te um melhor entendimento dessa cultura?


    Firmo Daniel Lima Gonçalves

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Firmo, tudo bem?
      Confere as resposta coletivas que eu dei acima e a resposta ao Francisco Lopes. Veja se isso responde tua pergunta, qualquer coisa estou a disposição.

      Excluir
    2. Olá de novo, agora que eu vi essa gafe que cometi, Daniel. Desculpe. Fui respondendo rápido as pergunta e não prestei atenção nos nomes. Que falha.

      Excluir
  17. Excelente texto. A história Oriental é tão importante quanto a Ocidental. É algo que já deveria ser ensinado desde sempre nas escolas, acredito que isso diminuiria o número de pessoal preconceituosas. O Oriente tem uma grande diversidade cultural. E por conta disso não ser um assunto tratado a fundo nas escolas e do desinteresse das pessoas de pesquisar sobre o mesmo, essas culturas acabam sendo alvo de preconceitos. Qual seria o melhor caminho para essa situação mudar? Como acabar com a ignorância e a xenofobia dessas pessoas?

    Lorenna Fernandes Briglia Matos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Lorenna, concordo com sua fala (veja o que eu disse acima, em resposta para o Denis). Acredito que o melhor caminho é a educação (e sobre táticas para isso, veja a resposta coletiva que dei acima). Infelizmente, o sistema eurocêntrico de ensino de história cria uma identidade distorcida para os brasileiros e resultam nesses preconceitos, o jeito é ter paciência e educar os jovens para as gerações futuras não interiorizarem essa inferioridade que se relaciona com os povos não-europeus no imaginário comum

      Excluir
  18. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  19. Olá Scoville! A nossa dificuldade em pensar o Oriente é extrema. As construções modernas sobre o oriente jogam uma espessa neblina no caminho que nos leva até concepções orientais de pensar a História. A crítica apresentada em seu artigo é fundamental para que possamos refletir sobre algumas balizas. Meu questionamento é se há possibilidades de pensar o oriente utilizando lógicas de pensamento e métodos ocidentais, ou antes de tudo, o estudo do oriente feito por ocidentais deve repensar as lógicas de pensamento e os métodos?

    João Inácio Bezerra da Silva

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá João. Tudo bom?
      É possível sim, mas é importante sempre fazermos uma autocrítica ao nosso trabalho e saber pontuá-lo em seu lugar. Devemos sempre ponderar nossas ações quando tratamos do "outro", tendo em mente que a nossa mentalidade e percepção é diferente. É preciso muito estudo para tentar minimizar esses efeitos e não tentar esconder nossas falhas.

      Excluir
  20. Jéssica Iara F. Varoni2 de outubro de 2018 às 21:17

    Boa Noite,

    Podemos dizer que no Brasil, a história gira em um eurocentrismo, muitas vezes deixando sua história interna de lado e focando na Européia, seja nas aulas, quanto nos livros didáticos. Quanto a história oriental, essa quando é citada, passa superficialmente pelas salas de aula, o que dificulta a compreensão de porque hoje a economia do Oriente se encontra como está, afinal, não se possui conhecimentos históricos. Que mudanças na sua opinião deveriam ocorrer na disciplina de história para que se ampliasse o conhecimento e se inserisse mais sobre o tema história oriental?

    ResponderExcluir
  21. Jessica Iara F. Varoni2 de outubro de 2018 às 21:22

    Esqueci de assinar.

    Jéssica Iara Fernandes Varoni

    ResponderExcluir
  22. Olá Priscila,
    O estudo da História Antiga durante longo tempo teve seu foco voltado de forma majoritária para o Ocidente, objetivando uma ideia de superioridade europeia/ocidental. Ainda hoje vemos marcas desse processo.
    Muito se fala em "disocidentalizar" o estudo da História Antiga, ao mesmo tempo em que se pretende afirmar a presença de outros componentes na identidade brasileira. No entanto você não acredita que nesse anseio, pode-se renegar componentes que são estruturantes da nossa sociedade e identidade?
    Não sei se consegui ser claro, mas o meu questionamento é a respeito de escolhas que se pode fazer por certos traços culturais (talvez se possa apontar em primeira escala o indígena e africano) em detrimento dos traços da Antiguidade europeia/ocidental e nesse sentido pode-se cometer equívocos. Para além disso, esse ato de escolha implicaria uma coisa ou outra e não as duas?
    Fica a reflexão/questão.

    Att,
    Cauê Araújo dos Santos

    ResponderExcluir
  23. Bom dia! Acho muito interessante o estudo das culturais orientais, pois, no Brasil ainda prevalece o eurocentrismo, o que ofusca a História do Oriente. Na sua opinião, o que nós, os professores de História podemos fazer para que Oriente chegue mais para os estudantes brasileiros?

    ResponderExcluir
  24. Você menciona no texto a dificuldade em se ter acesso a fontes para pesquisas em História oriental. O incêndio no Museu que tem o maior acervo também agrava essa situação. Você conhece algum materiail no qual podemos utilizar para trabalhar a temática em sala de aula, além do livro de didático, pra que despertem o interesse dos alunos?

    ResponderExcluir
  25. Você menciona no texto a dificuldade em se ter acesso a fontes para pesquisas em História oriental. O incêndio no Museu que tem o maior acervo também agrava essa situação. Você conhece algum materiail no qual podemos utilizar para trabalhar a temática em sala de aula, além do livro de didático, pra que despertem o interesse dos alunos?

    Thalia Abreu de Carvalho

    ResponderExcluir
  26. Olá, professora Priscila Scoville. Tudo bem? A Sra traz em seu texto algumas considerações a respeito de nós - ocidentais - olharmos para o nosso processo de construção cultural como mais próximo da chamada antiguidade clássica, ignorando as sociedades e as culturas predecessoras a estas. Quando, na verdade, temos ali o incio de muitas de nossas práticas, como a questão religiosa - já que o homem é em si religioso e o ateísmo é imposição de uma civilização estatal -, que vai influenciar bastante a tradição judaico-cristã e também as contribuições matemáticas, no campo da arquitetura e na astronomia. A minha indagação é: Quando temos documentários - bastante famosos -, como os da History a respeito das civilizações orientais, geralmente questionam a capacidade cognitiva dessas civilizações, atrelando a elas um contato com criaturas de outros planetas etc etc. A senhora acredita que ainda existe uma reprodução de discurso para nos colocar como superiores e criando uma mentalidade de "origem" pautada na Grécia e Roma?

    Ademais, se não for inconveniente, podemos entender, visto tudo que foi colocado acima, que a antiguidade é mais uma mentalidade? Que o oriente é uma invenção do ocidente, da mesma forma que nós -ocidentais - nos inventamos?

    Thalles Henrique Batista dos Santos.

    ResponderExcluir
  27. Olá Patrícia. Seu texto me deixou algumas questões sobre sua concepção de história no trecho que afirma que o que sabemos sobre os antigos nada mais é que seus vestígios, não seu fiel pensamento me deixou uma pergunta: para algum outro passado – que não a antiguidade arcaica - isso se aplica diferentemente?

    Quando você afirma “mas a crença em si se perdeu ou se modificou”, partes de um essencialismo na História? Existe, na sua visão, um hinduísmo verdadeiro que se perdeu e ao qual nunca teremos acesso?

    ResponderExcluir
  28. Quando você fala no orientalismo/Said. Qual a saída para conseguir falar do oriente por ele mesmo quando se sabe que toda história é etnocêntrica?

    Alina Silva Sousa de Miranda

    ResponderExcluir
  29. Bom dia, Priscila. Tudo bem? sabemos que a partir da nova metodologia do ensino da historia, não é indicado o uso da linha do tempo cronológica em sala de aula. Porem ao mesmo tempo ela se faz necessária pelo tempo muito curto de aula proporcionado ao professor. Se para nos ocidentais arquivamos tais períodos(pré-história; antiguidade; idade media; moderna; contemporânea) como seriam a linha do tempo dos orientais? Existe uma linha do tempo na cultura oriental ?

    Gabriel de Souza da Silva
    Gabriel_souza159753@hotmail.com

    ResponderExcluir
  30. Boa tarde! Minha pergunta tem a ver com relação à trabalhar na área de pesquisa do Oriente aqui no Brasil. Existe a possibilidade de trabalhar com a pesquisa voltada para o Oriente Próximo? Caso exista, como faz para conseguir e onde geralmente esses empregos são solicitados?

    Matheus Moraes Maluf
    matheusmmaluf@gmail.com

    ResponderExcluir
  31. Boa tarde. No texto é mencionado que o estudo sobre a antiguidade oriental é focada no Período Clássico, com os estudos sobre Roma e Grécia. Como as sociedades anteriores a esse período, como os povos da Mesopotâmia e do Egito, influenciaram a cultura e o modo de organização dessas civilizações?

    Luana Cantalice Dias
    luana.cantalice@gmail.com

    ResponderExcluir
  32. Boa Tarde! Por gentileza, eu gostaria de saber quais materiais você indicaria para trabalhar esta temática em sala de aula? Pode ser paradidático, por exemplo. Obrigada!

    ResponderExcluir
  33. Qual o motivo de não existir tantos escritos sobre a História oriente como existe sobre a História ocidental.

    Mariana Silva Lopes

    ResponderExcluir
  34. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
    Respostas

    1. Pecerbe-se nas universidade a disciplina de de Historia Antiga expõe mais a História antiga do ocidente Grecia e Roma deixando muitas vezes de lado a História Ocidental

      Mariana Silva Lopes

      Excluir
  35. Olá, Priscila.
    Bem sabemos que aos povos do Oriente devemos o conhecimento da escrita, da matemática e outros benefícios essenciais para a evolução da vida em sociedade, mas infelizmente a cultura mais valorizada em todo o mundo é a europeia. No nosso país, a cultura dos povos orientais compõe a nossa pluralidade, mas muitas vezes são vistas de forma preconceituosa e nas escolas é visto muito pouco sobre esses povos e sua cultura. Então eu pergunto, o que os livros didáticos ou os currículos escolares devem fazer para dar mais ênfase ao conhecimento da história oriental?

    ResponderExcluir
  36. Olá boa noite, Parabéns pelo excelente texto. Ao analisar seu texto posso refletir que no ensino fundamental II e médio pouco se explora a história Oriental, e tão pouco é explorado sob os povos do Antigo Oriente próximo, quanto têm grande contribuição para a história do mundo, com suas crenças, valores, costumes e tradições. Qual a sua opinião e quais conceitos devem ser adotados referente a esse assunto?
    Obrigada

    ResponderExcluir
  37. Bom dia. Porque sera que que existe este tao grande preconceito com a historia oriental? Porque esta não é tao buscada e muito menos valorizada na maioria das universidades?
    Diaciz Alves de oliveira

    ResponderExcluir
  38. Como nos professores, ou futuros professores poderemos contribuir para desmistificar as concepções errôneas sobre o oriente e demostrá-lo em outras perspectivas para nossos alunos?
    Diaciz Alves de Oliveira

    ResponderExcluir
  39. Como explicar o fato da historia ocidental ser bem mais evidenciada do que a oriental? Sera que seria possível mudar essa realidade?
    Diaciz Alves de oliveira

    ResponderExcluir
  40. Parabéns pelo trabalho Priscila, gostei muito da leitura e das referências bibliográficas utilizadas. Aproveitei pra ler as participações dos colegas e sua interação nas respostas. A recomendação de Paul Ricoeur para compreensão de algumas indagações é muito pertinente, se tornou nos último três anos leitura de cabeceira para mim, os limites da História. As recordações são, por assim dizer, narrativas e que as narrativas são necessariamente seletivas. Se somos incapazes de nos lembrar de tudo, somos ainda mais incapazes de tudo narrar; a ideia de narrativa exaustiva é uma perfeita insensatez. As consequências no que diz respeito à reapropriação do passado histórico são enormes. Em uma das respostas vi eu você aponta que era mais comum pesquisas sobre oriente nos últimos 5 anos, acabei lembrando que tive um professor por coincidência ele foi meu professor no antigo estudos gerais (Ens. Médio atual) e na graduação que terminei em 2004(na Universidade de Pernambuco), ele já pesquisava o oriente, e lembro bem das infinitas explicações e discussões sobre o oriente e conjuntura política...sou grata por ter podido nessa época, nada comum, aprender um pouco do oriente com o querido professor Carlos Guedes, afinal fui uma felizarda. Que ferramentas utilizar para desconstruir essa forma eurocêntrica de pensar e ensinar tanto no ensino superior como básico?
    Obrigada e parabéns, vou ler mais sobre suas pesquisas.

    Abraços, Herika Paes Rodrigues Viana

    ResponderExcluir
  41. João Matheus da Silva Cruz4 de outubro de 2018 às 20:11

    Primeiramente boa noite, e obrigado por apresentar no texto nomes de profissionais voltados aos estudos do oriente próximo. Agora com relação ao estudo do tema "oriente" nas graduações no Brasil, isso se deve, além do próprio eurocentrismo citado no texto, mas também a um certo 'conservadorismo' por conta do 11 de setembro e outros extremismos do islã ? Além da implementação de disciplinas próprias ao tema, a adição de teorias de autores orientais, como teorias da historia do ponto de vista do oriente, serviria para romper com o orientalismo apresentado por Edward Said ?

    ResponderExcluir
  42. Desde de já olha queria saber porque os demais professores em nosso Brasil não se interessa aos estudos referentes ao Oriente?
    Me coriga se estiver erado e por causa da falta de universidades que oferecem poucas linhas de pesquisa nesta escarça área, mas atualmente pesquisadores do mundo inteiro estão cada vez mais se engajando nesta perspectiva e cultura diferente.
    ass. Carlos Ryan Silva De Araujo

    ResponderExcluir
  43. Porque não se ensina história oriental nas escolas do Brasil?

    Alexandro Villanova Gomes

    ResponderExcluir
  44. Olá Priscila
    Ótimo seu trabalho! Enquanto professora de História, saliento que é fundamental abordar a conteúdos referentes a História Antiga Oriental, para fazer algumas comparações das mudanças e permanências, assim como das evoluções que a sociedade vem passando. Porém há uma deficiência muito grande na própria formação dos professores, sendo que nas Universidades essas disciplinas referentes ao tema são abordadas de maneira muito superficial. Percebe-se ainda, que nos livros didáticos há poucas informações sobre a História Antiga Oriental. Na sua opinião, com a proposta de reforma da Base, será que serão abordados temas sobre a História Antiga Oriental no futuro, ou está parte tão importante da história será abolida do ensino?

    Inês Valéria Antoczecen

    ResponderExcluir
  45. Boa noite; seu texto discorre em um debate com grande poder historiográfico, entretanto, as barreiras encontradas no currículo do ensino médio ditado como você mesmo falou pelo estado, cria barreiras e grandes desafios. contudo, é possível que ainda assim consigamos ministrar aulas de grande proveito no ensino oriental, basta o professor se aprofundar no assunto para não ficar na superficialidade.
    qual seria em sua opinião a melhor maneira de vencermos essa batalha contra o estado no que diz respeito a inserção no currículo o ensino oriental?

    Ruy Pavão Costa

    ResponderExcluir
  46. Bom dia, a importância da história na vida de todos sem dúvida é primordial até mesmo para compreendermos alguns contextos em que vivemos.
    Gostaria de saber, como se deve lhe dar com essas dificuldades e barreiras impostas tanto para o professor como para o aluno? tendo em vista a redução da aula de história prejudicando e travando cada vez mais, aluno e professor já que temos contextos ricos e importantes como a História do Oriente e até mesmo a do Brasil.

    IASNAIA LUCIANA DE ARAÚJO SANTOS

    ResponderExcluir
  47. Olá! Parabéns, pelo texto apresentado. Sou graduada no curso de História, e para tanto faço pesquisas na História Oriental, e sinto uma certa dificuldade em encontrar material, para melhor difundir pesquisas e assim, desenvolver um aperfeiçoamento no assunto. Gostei muito dos livros os quais você indicou.Na universidade a disciplina de Antiga Oriental , em especial os povos egípcios e mesopotâmios não são bem questionadas, ou seja, abordadas pelos mestres. Haja vista que é uma disciplina pouco difundida e que o campo de pesquisa é restrito.

    Valéria Cristina da Silva

    ResponderExcluir
  48. Carla Cristina Barbosa
    Prezada Priscila Scoville,
    Gostaria de parabenizar pelas reflexões proporcionadas pelo texto e solicitar sugestões de como trabalhar com a Antiguidade Próximo-Oriental nas escolas de Educação Básica?

    ResponderExcluir
  49. Boa noite, tudo bem? Primeiramente parabéns pela pesquisa, foi fonte de uma interessante e proveitosa leitura. Minha dúvida é a seguinte: no quinto parágrafo você comenta sobre as influências dos povos orientais sobre a Grécia. Quais seriam algumas dessas influências e quais suas consequências?
    Camilla Mariano

    ResponderExcluir
  50. Boa-noite,Priscila!

    Concordo com você e com todos os colegas que argumentaram o pouco espaço que o Orientalismo tem na nossa história.Sou educadora,trabalho com História muito tempo e há quatro anos atrás,percebi a falta dos PERSAS no livro do sexto ano.Sendo assim,tenho que trabalhar textos e pesquisas paralelas. Realmente,o Eurocentrismo deturpou em parte,os conhecimentos e ensinamentos oriundos dos orientais.Contudo,vamos seguir revelando quão interessante é o Oriente!

    ResponderExcluir
  51. Olá. Parabéns!! O texto ao qual você explanou é maravilhoso. Visto que aborda vários seguimentos da História Oriental. Estou me graduando em História e, sinto necessidade em melhores formas de pesquisas. Atualmente faço buscas sobre a importância do Oriente no Ocidente , e percebo que o mesmo nos foi de grande valia para o nosso conhecimento a respeito de diversos segmentos, em especial a escrita e a evolução econômica como principal embasamento na história, e para tanto vejo que é uma disciplina pouco explorada no âmbito acadêmico, por possuir pouco acervo.Os livros e autores aos quais você mencionou foi de primordial importância para melhorar meus conhecimentos. Obrigada por compartilhar.

    Valéria Cristina da Silva

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.